sábado, 11 de agosto de 2007

NINGUÉM SABE, NINGUÉM VIU














Quando essa expressão corre solta na boca do povo, é sinal de que algo grave aconteceu.
E aconteceu bem feito.
Fruto de plano bem arquitetado, que não deixou vestígio nenhum.
Ai de quem se aventurar a dar uma de Sherlock Holmes, se dará mal, não há por onde começar a investigação.


Mas será que nenhum rastro esmaecido ficou ?
Ninguém é tão perfeito assim, não deixar uma pegada, umazinha sequer, só se for do outro mundo.
Com os de cá, com certeza, alguma amostra sempre sobra para ser delatada.
O jeito pessoal, é liberar os olhos - olhos perscrutadores - pois dizem que quem procura acha, mas para achar, as virtudes são olhos de lince e faro de perdigueiro.

Ninguém sabe, ninguém viu, é o que oficialmente se diz.
Mas oficiosamente, será que tal discurso se mantém ?
Pode ser, mas basta surgir alguns trocados na parada, aí amigos, duvido que a lealdade perdure.
Com os cobres à vista, rapidinho surge o milagre de um relato bem produzido que dá conta direitinho de como tudo ocorreu.

Mais que de repente, alguém bafejado pela grana soltar o bico e dana a cantar até ao amanhecer, especificando tudo, tim-tim por tim-tim, sem omitir uma vírgula sequer.
Ei, por que do espanto, irmão?

No mercado global, tudo tem preço definido, seja lá o que for.
O que é que uma boa nota não compra?

Silêncio reinante no ninguém sabe, ninguém viu, pode muito bem ser medo, medo de se expor às escâncaras.
Pode ser medonho terror do poder paralelo.
Afinal, quem de bom siso suportaria veladas ameaças, ou pequenos lembretes explicitando a nos mantermos de boca fechada?


Pode ser o silêncio de quem foi largado no mato sem cachorro, e acuado, tornou-se fácil presa da covardia que agora lhe acomete.
Esse tipo de omissão tem serventia para uns poucos, o
s que querem tirar o seu da reta, como se diz no popular.

Apesar de tão irrefutáveis questionamentos a tão hediondo tipo de postura, não me iludo mais.
Nada será feito para reverter tal posicionamento.

Nenhuma atitude, atitude de macho man, ansiosamente esperada, se estabelecerá.
Não interessa a ninguém mexer no vespeiro, é muito mais cômodo deixar como está.

A carruagem, senhores, segue viagem, e todos vão que vão, só para não perder o bilhete.

Sem cerimônia, embarcaram numa boa como se nada estivesse acontecendo.
A única diferença nessa parte do transcurso é uma tabuleta pendurada na lateral da carroça, com um refrão anotado de última hora: Atenção, niguém sabe, ninguém viu.


TÉRCIO DE PAIVA FARIAS

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