

Crises acontecem em todo o transcorrer da vida.
Mas em um momento inesperado,
Bate uma estranha inquietaçãoQue nos leva a urrar de tanto desespero.
Somos tomados de assalto por mudanças de perspectiva,
Que como um furacão nos assola,
Estremece toda a nossa estrutura o furor da ventania.
Hesitantes e inseguros, perdemos o rumo a seguir.
Ondas misteriosas de insatisfação nos perturbam,
Fazem com que o nosso dia a dia,
Até então, previsível e tranqüilo,
Torne-se insípido e insuportável demais.
Sem nos dar conta da situação,
Estamos, na verdade, bem no olho
De uma das crises cíclicas da vida adulta.
Os analistas de comportamento não têm muito a dizer.
Há mais facilidade em estudar crianças, adolescentes e idosos,
Grupos encontrados em instituições:
Escolas, creches, asilos e clínicas de repouso,
Onde os pacientes são cativos, disponíveis à pesquisa
E de todo tipo de estudo monitorado.
E nós, os que estamos fora desses grupos?
Ficamos sozinhos em nossas lutas desenfreadas.
Tentamos de todas as formas,
Dar algum sentido às nossas ambigüidades,
Sem entender patavina nenhuma do que está acontecendo.
Atolados em emoções mil,
O que vemos, minuto a minuto,
São as nossas energias minguarem.
Desnorteados, procuramos nos mover mais rápido,
Sem nenhum roteiro estabelecido,
E pior: sem guia algum que nos seja mentor,
Nas muitas mudanças que nos acometem.
Tudo isso na fase das maiores oportunidades
E de grandes aptidões,
O período dos dezoito aos cinqüenta e cinco anos,
Justamente o centro da vida.
Honestamente ignorantes quanto ao que fazer,
Batemos os braços furiosamente e nadamos às cegas,
Num charco tenebroso e desconhecido,
Tentando nos safar a qualquer custo.
Dificilmente chegamos a qualquer porto seguro.
Acabamos tragados em nossa santa ignorância.
O enigmático termo bíblico "abriram-se-lhe os olhos",
Ainda nos é uma expressão totalmente desconhecida.
TÉRCIO DE PAIVA FARIAS
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